Loucuras de uma madrugada fria
É madrugada uma daquelas madrugadas frias e de céu avermelhado. Ando pelas ruas e não vejo ninguém só sinto o vento frio que corta o meu rosto, não ouço nada a não ser as folhas mortas que o vento leva. A sensação é de intensa solidão, procuro por pessoas e não encontro, tudo me faz refletir sobre a mais pura e ingrata amargura que me vem atona.
Pessoas que já passaram em minha vida, pessoas que já tive e perdi e outras que sinto estar perdendo, outras ainda que fazem parte do meu dia a dia .
A garoa fina começa a cair em meu rosto junto com um vento frio que me faz sentir cada vez mais só é uma solidão diferente de todas que já vivi, é a mais difícil delas, porque por mais que pareça não estou sozinho, estou mergulhado dentro de mim, dos meus pensamentos, dos bons momentos que já tive, momentos esses que nunca irei me esquecer, das ilusões que a cada dia fazem parte de minha vida, dos momentos mágicos e pequenos de épocas que julgava ser feliz, por incrível que pareça era, pessoas que um dia foram muito importantes para mim, hoje não significam nada, são como as folhas que escuto o vento levar, folhas essas que um dia fizeram parte de uma árvore e agora estão caídas, mortas sobre as ruas, são levadas pela natureza sem destino .
Mas há pessoas também que queria rever e telas de volta mas não é possível pois são folhas que já estão mortas e não há como recussita-las, mas por sua vez existe outras que já tive e de certa forma participam de minha vida, são folhas que estão penduradas em arvores mas não sabem se resistiram a ventania, são galhos que talvez o vento destrua ou não, pessoas que queria poder tocar como um dia as toquei e hoje por mais que tente senti-las e toca-las não consigo pois a arvore da vida parece ter se tornado muito alta e não consigo alcança-las, talvez um dia essas folhas como magica caiam em minhas mãos e voltem a fazer parte de minha vida como fizeram um dia.
Talvez um dia eu consiga entender como tudo funciona ou o grande mistério é não entender nada é viver cada instante como se fosse o último, o grande mistério e saber deixar acontecer como o vento que leva tudo sem explicação, como a água que arrasta tudo sem rumo ou destino, a única certeza que fica é que nada é fixo ou imóvel tudo muda nessa vida, as pessoas, os sentimentos, os gestos, as personalidades, nós mudamos, as situações mudam é como a natureza que esta em constante mutação, a grande sabedoria e seguir nessa caminhada infinita que se chama vida, em torno da felicidade sem destino, regra ou lição é como a água que cai agora, com a única certeza de que nada é eterno a não ser essa longa caminhada em busca de algo impossível que parecemos nunca encontrar, é como esse frio que, essa garoa que parecem ser infinitos.
O vento continua a cortar meu rosto, a garoa fina continua a cair a sensação é de intensa solidão na mais fria madrugada . Continuo caminhando eu e a solidão, caminhada essa que parece não ter fim ...
Murillo Michel